Estourou como uma bomba nas mídias, recentemente, a informação de que a carne vermelha e a carne processada aumentam os riscos de certos tipos de câncer. Imagine isto para nós, povo comedor de churrascos e que tais, com esta noticia!
Já acalmou, mas vamos tentar explicar melhor a situação. A Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC, sua sigla em inglês) divulgou os resultados do grupo de trabalho sobre este assunto. O resultado foi o seguinte: “ a carne vermelha é considerada potencialmente cancerígenas para os humanos”; “a carne processada é considerada cancerígena para os humanos”. (*)
Isto tudo provém de classificações com caráter técnico. Estas correlações estabelecem riscos para o surgimento de alguns tipos de câncer com determinadas substâncias, em humanos. Agora vamos ver alguma coisa importante. O tabaco (em todas as suas formas- cigarros, charutos, cachimbos, naguilé etc) aumenta em 1.000% o risco para câncer de pulmão. A carne processada aumenta o risco em 18% para o câncer do cólon e do reto.
Diferentes entre si, claro! Se hoje o risco de câncer de cólon e reto na população geral está em torno de 5%, claro que estes 18% de aumento incidem sobre este risco de base; ou seja, quase nada.
É importante saber que se pode reduzir o risco com a redução da ingestão diária de carne vermelha e carne processada, limitando a cerca de 500 gramas semanais. Mas a ingestão de carne vermelha ou processada não aumentará o risco de modo exponencial ou muito gravemente. Carne vermelha e carne processada são muito mais importantes para as alterações das gorduras no sangue, e embutidos e enlatados para câncer do estômago e dos intestinos.
Cuidado com as notícias escandalosas da mídia! Podem ser mais desinformativas que informativas.
(*) IARC Monographs on the Evaluation of Carcinogenic Risks to Humans. Vol. 114, 23 Oct 2015.
Dr. Gilson L. Delgado.
Diretor Técnico do IOS.