O câncer de mama é o segundo mais frequentemente diagnosticado no mundo e a maior causa de morte por câncer na mulher. Ele se forma através de uma proliferação anômala de células epiteliais malignas mamárias. As taxas de mortalidade vem decaindo no mundo desde 1970. Quando tratado precocemente, salva-se muitas vidas.
Os maiores fatores de risco são história pessoal prévia ou familiar de câncer de mama, ovário, tubas uterinas ou peritônio; ancestralidade associada à mutação do gene BRCA1 e 2; mamas densas à mamografia; biópsia prévia de mama com lesões benignas mas marcadoras de alto risco (hiperplasia atípica); idade; menarca precoce; menopausa tardia; primeira gestação tardia ou ausência de gestações; radioterapia prévia de tórax.
O câncer de mama precoce pode ser detectado por métodos de rastreamento populacional através da mamografia. A maioria das mulheres faz parte do grupo de baixo risco, ou seja, tem uma chance menor de 15% de desenvolver um câncer de mama ao longo da vida. Existem algumas divergências entre os maiores grupos de experts a respeito de qual seria o melhor momento para se iniciar o rastreio. A Sociedade Brasileira de Mastologia recomenda o início a partir dos 40 anos de idade.
Em relação aos sinais e sintomas relacionados, cerca de 15% das mulheres vão apresentar em uma das mamas uma nodulação palpável, geralmente fixa, de margens irregulares. No entanto, essas características não têm potencial de diferenciar uma lesão benigna de maligna. Após a detecção de uma alteração ao exame físico e/ou através da realização de imagem, deverá se proceder com biópsia guiada por agulha da lesão suspeita para confirmação da malignidade. Cerca de 70 a 80% dos cânceres de mama são do tipo carcinoma ductal invasivo e 8% carcinoma lobular invasivo; as demais histologias são raras.
O diagnóstico anátomo-patológico dará início ao tratamento especifico, que sempre acontece através de uma abordagem multidisciplinar. Os principais pilares desse são: cirurgia, quimioterapia, radioterapia e hormonioterapia. Pacientes com doença inicial, beneficiam-se de cirurgia primária seguido de avaliação de tratamento complementar chamado de adjuvante, para auxiliar na diminuição do risco de recidiva e aumentar sobrevida. Em mulheres com lesões maiores, localmente avançadas, inicia-se o tratamento de maneira inversa, com os antineoplásicos antecedendo o tratamento cirúrgico.
A cirurgia oncológica da mama pode ser do tipo setor/quadrante ou mastectomia. Para as cirurgias conservadores, associa-se a modalidade de radioterapia, com o objetivo de erradicar qualquer potencial doença residual, preservando a mama com desfechos oncológicos semelhantes à cirurgia radical e efeito cosmético mais aceitável.
É importante durante o ato cirúrgico realizar a avaliação dos linfonodos regionais axilares através da pesquisa do linfonodo sentinela, onde o mesmo é retirado e avaliado instantaneamente quanto à presença ou não de células neoplásicas malignas. Evidenciando-se apenas um a dois linfonodos acometidos, não é necessário seguir com o esvaziamento linfonodal axilar.
Posteriormente ao tratamento cirúrgico, características do tumor (expressão de receptores hormonais ou fator de crescimento epidermal HER2), do paciente, assim como suas preferências, e do código genético serão levadas em consideração na escolha do melhor tratamento medicamentoso adjuvante. Na presença de fatores de alto risco para recidiva de doença, como tumores de alto grau, maiores de 2cm, com envolvimento linfonodal ou alto risco genético, há benefício confirmado em sobrevida da associação de quimioterapia ao tratamento.
Após o tratamento, as mulheres se manterão em seguimento clínico regularmente. Deverá ser realizada anualmente a mamografia. Existem mais de 32 milhões de sobreviventes de câncer ao redor do mundo e esse número é esperado que cresça com a melhora dos métodos de rastreamento, aumento da expectativa de vida após tratamento e envelhecimento da população. Dentre as mulheres, o câncer de mama corresponde a maior parte (44%) das sobreviventes.
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